Os anúncios em flash passam a ser pausados automaticamente pelo Google Chrome; entenda o que isso implica para agências e anunciantes
O navegador Google Chrome passou desde do dia primeiro último, a privilegiar banners no formato HTML5, em detrimento do Flash, formato que dominou a publicidade digital nos últimos anos. Outros navegadores, como Firefox e Explorer, já tinham feito isso.
A decisão do Google, que tem 51% do mercado de navegadores com o Chrome, afeta a maneira como se pensa a publicidade em banners. Hoje, 90% dos formatos rich media (animados) dos banners usam Flash. Mesmo sites de anunciantes que rodam em Flash precisarão de mudanças.
O HTML5 já era aplicado para conteúdos interativos, como games. Em contrapartida, o Flash é considerado pesado, pois exige a atualização do plugin em cada execução do arquivo e uma série de cliques para autorizar o funcionamento da animação. Nos smartphones, o uso do software demanda um alto consumo de energia e, além disso, atecnologia teria apresentado diversas falhas de segurança para o usuário.
O Interactive Advertising Bureau (IAB) recomenda a adesão do mercado pelo HTML5 como formato padrão para a criação de peças. Segundo Alexandre Neves, gerente de marketing do IAB Brasil, o formato é vantajoso em termos de flexibilidade e interatividade. “É responsivo e compatível com as plataformas móveis. E, como o Chrome é utilizado por 70% dos usuários (dados globais), a adequação deve ser realizada por todo o ecossistema da publicidade digital, principalmente veículos e agências (criativos), para que campanhas mantenham sua visibilidade e impacto normalmente”, afirma.
A adoção do HTML5 afeta a cadeia de produção da publicidade digital. Segundo João Lopes, um dos fundadores do A Madre, empresa especializada no desenvolvimento de mídia display, há três fatores que precisarão ser revisados durante esse período de transição: tempo de produção, já que o HTML5 possui mais elementos envolvidos do que o Flash, compatibilidade de navegador e documentação técnica por parte dos adservers e portais.
“Estamos trabalhando com templates para entregar essas peças em diversas especificações, pois isso muda de veículo para veículo. Desde o início de 2014, temos estudado as melhores práticas de trabalho e, agora, estamos desenvolvendo uma metodologia para que o processo de entrega tenha a mesma velocidade do flash”, explica. Ele afirma que sua empresa, que atende agências como AlmapBBDO, DM9DDB e Leo Burnett Tailor Made, entrega 60% de suas campanhas em HTML5 e 40% em Flash.
Tanto A Madre quanto o IAB apostam em workshops para que os criativos de agências obtenham conhecimento do processo de criação de anúncios para HTML5. ”Conversando com algumas agências, notamos que é importante reforçar que existirá a necessidade de melhorar o processo de QA (garantia de qualidade). Antes o QA do Flash era muito simples. Hoje em dia, esse cenário mudou e as agências e produtoras precisarão se adequar a essa nova realidade. Por isso, o IAB está se organizando para criar rodadas de workshops sobre HTML5”, afirma Neves.
O site da entidade disponibiliza, inclusive, um guia de HTML5 do IAB dos Estados Unidos para criativos e designers. Já A Madre tem promovido workshops com agências parceiras. “Estamos apostando na disseminação e troca de conhecimentos como uma forma de fazer com que o mercado se adapte e cresça de forma conjunta”, afirma Lopes.